O Hospital-Escola

    A partir de 1964, quando a primeira turma chegou ao 3º ano do curso, momento que marca até hoje o início do ciclo profissional da graduação, foram feitos convênios com diversos hospitais para garantir a formação prática dos estudantes. Com a Santa Casa de Misericórdia de Vitória foi firmada a primeira parceria, que durou poucos anos, até a criação da 2ª escola médica do Estado, a Emescam.

    Com o avançar do curso, novos acordos foram feitos, dentre eles com o Hospital São Pedro, o Hospital Infantil de Vitória, a Pró-matre e o Adauto Botelho. Os alunos da Ufes também frequentavam as enfermarias do então Sanatório Getúlio Vargas. Este, criado em 1938, oferecia tratamento e internação à população tuberculosa, contava com estrutura satisfatória, além de ficar localizado em região central da cidade, e próximo ao Instituto Anatômico.
 

    Enquanto isso, a sociedade médica e a Universidade lutavam para a construção de um hospital-escola próprio, o “Hospital das Clínicas”. Previsto em lei desde 1954, quando da instalação da Universidade do Espírito Santo, o hospital contava com um projeto ousado e exuberante, com sete andares e tecnologia jamais vista no Estado. Um esqueleto de tal edifício chegou a ser construído bem próximo ao Instituto Anatômico. No entanto, entraves políticos, conflitos de interesse e, por fim, escassez de recursos acabaram por deixar a obra inacabada e uma frustração intensa nos universitários. Uma vergonha.

    Por sugestão do diretor da Faculdade de Medicina, Dr. Affonso Bianco, uma saída para a questão foi proposta pelo então Reitor da Ufes, Prof. Alaor de Queiroz Araújo, quando solicitou ao Ministério da Saúde que interviesse, facilitando uma transferência do Sanatório Getúlio Vargas do Estado para a Universidade. Ainda sem um hospital de ensino próprio, os acadêmicos chegaram a realizar um protesto para que a tão aguardada transferência fosse concluída o mais breve possível. Enfim, em 20 de dezembro de 1967, o governo estadual assinou um convênio com a Ufes passando a estrutura do
Sanatório para uso da escola médica.
 

    Em janeiro de 1968, o Sanatório passou a se chamar oficialmente Hospital das Clínicas, por proposição do Prof. João Luiz de Aquino Carneiro. Com isso, a partir de 1970, foram se instalando diversos serviços nas dependências do antigo Sanatório.
A consolidação do novo hospital-escola da Faculdade de Medicina também se deve à construção, a partir de meados de 1975, dos Ambulatórios.

    Desde 1980, o Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (HUCAM), como é denominado hoje o Hospital das Clínicas, traz em seu nome uma homenagem ao Prof. Cassiano, que começou a lecionar na Faculdade de Medicina em 1965 pelo
departamento de Clínica Médica. Entre 1974 e 1978, também foi vice-diretor do Centro Biomédico (hoje Centro de Ciências da Saúde), quando a direção estava a cargo do Prof. Thomaz Tommasi. Gravemente enfermo, Cassiano Antônio Moraes faleceu precocemente em 4 de junho de 1979.